sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Férias sem vencimento

Depois das férias, o Atelier fez obras.
O orçamento foi várias vezes retificado e o crédito foi anulado.
Dado o panorama atual da fraca economia, não sei quando poderei reabri-lo.
Peço desculpa pelo incómodo e agradeço a vossa compreensiva amizade.
Continuo a dar preferência às vossas visitas no Jardim d'abrolhos onde será SEMPRE um enorme prazer conversar convosco e ouvir as vossas opiniões.
As coordenadas para lá chegarem: http://piteirasecactos.blogspot.com



Benó

terça-feira, 31 de julho de 2012

F E R I A S









O Atelier vai descansar uns tempos e promete que voltará renovado.

Até lá, umas boas férias para todos.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Bombeiros

Amor é fogo que arde sem se ver……

Este fogo imortalizado por Camões será resistente às mangueiras de fortes jorros de água e de outros meios usuais para apagar incêndios. Poderá durar muito ou pouco tempo consoante o campo onde se instalou e lavra. Não é chama para ser apagada pelos bombeiros.
Reguengos de Monsaraz, região inserida na provincia mais escaldante do nosso país, quis homenagear os bombeiros, esses homens que nos defendem das labaredas, não do inferno, mas daquelas que, muitas vezes, por descuido humano consomem as nossas florestas, as nossas casas, os nossos bens, e que até com risco da sua vida, salvam outras e ajudam outras a vir a este mundo.
Estes soldados da paz merecem, pois, toda a nossa admiração e, este monumento colocado numa das praças de Reguengos, é-lhes dedicado por um povo que sabe agradecer.
O país está, hoje, com vários incêndios ativos e de difícil extinção.
Vidas em perigo, bens consumidos pelo fogo, florestas devastadas deixam-me perplexa perante as informações de que são pessoas as causadoras de tudo isto, umas vezes descuidadamente, outras vezes propositadamente. Não encontro explicação para tais atos.
Aqui, também presto a minha homenagem a esses valorosos homens e mulheres que dia e noite, sem armas adequadas, somente com paus e baldinhos de água tentam salvar as nossas árvores, as nossas casas, as nossas vidas perdendo, algumas vezes, a sua nessa luta desigual.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

A árvore


Duma pequenina semente posta no ventre quente da terra mãe te fizeste árvore. Na sua profundeza encontraste o alimento necessário ao teu desenvolvimento. Pouco a pouco, criaste raízes que te prenderam ao local onde nasceste; pouco a pouco foste subindo, engrossando o teu corpo de onde partiam os braços que se erguiam às alturas com folhas que acenavam como bandeiras em dias de ventania. Já adulta, os pássaros encontravam em ti o aconchego necessário para uma noite bem passada entre gorjeios e danças de acasalamento. As crianças faziam rodas e cantavam à tua volta.
Quantos risos, gargalhadas, choros, juras e promessas, tu ouviste?

Sacudias os teus ramos de emoção quando casais de amantes se encostavam ao teu corpo, tremendo  em manifestações de amor. E, tal como noivos que recebem pétalas de flores após a cerimónia nupcial, tu oferecias as tuas folhas mais tenras e leves.
Resististe a tempestades, ventos e frios, calores e secas.

És uma vencedora. Uma sobrevivente.
As raízes que profundamente procuravam os nutrientes para o teu desenvolvimento, deixaram de ter força para ir mais fundo, nessa procura e secaste.Respeito-te tal como estás, assim como és.
Os pardais ainda te procuram.         



foto e texto de Benó




quarta-feira, 4 de julho de 2012

Todos os anos


Pelo caminho dos aloendros, passeámos enlaçados, o teu braço cobrindo os meus ombros, o meu, mais pequeno,   pela tua  cintura e a minha cabeça de louros cabelos anelados pousada, não no teu ombro que lá não chegava o meu metro e meio mas, sim,  mais à altura do teu coração.

O aroma adocicado das flores, o zumbido dos insetos, o acompanhar do cão fazem parte da vida do espaço que rodeia a casa protegida pelas velhas palmeiras.
A sombra projectada no chão dá-nos os bons dias, o portão sempre aberto deixa entrar as lembranças dum tempo que foi criança.

Todos os anos, com o verão, chegam as flores dos loendreiros, perfumam o ar e cobrem o caminho com os  aromas das recordações. 







As abelhas cantam um hino à vida.


quinta-feira, 28 de junho de 2012

Noite


A noite já se estendeu pelo jardim; sentou-se nos bancos e espreita as flores nos canteiros.
Ouvem-se risos, gargalhadas.
Ali, joga-se às cartas, talvez à sueca, mais ali, à petanca; um grupo de adolescentes estende-se na relva a mirar as estrelas na expectativa de que alguma saia do seu ligar e corra céu fora, e eles dirão: “Deus te guie, Deus te guie e te ponha em bom lugar”. Outros grupos de adolescentes, mais velhos, sentam-se nos bancos virados para o mar e, certamente, contam anedotas ou qualquer outra coisa engraçada pois, de vez em quando, a noite é cortada pelas suas risadas.

Crianças correm, param e tornam a correr, gritam e as mães olham por elas porque a noite não tem luar. Só os candeeiros do jardim iluminam os locais dos jogos. Os homens divertem-se, as mulheres conversam, talvez sobre a carestia das coisas ou sobre os trabalhos que têm entre mãos ou, talvez, quem sabe, acerca das coscuvilhices da vila.
É uma rara noite em que as árvores se aquietaram, os mochos se calaram e o vento adormeceu nos braços do velame dos barcos ancorados na baía.
Talvez apareçam pirilampos.



foto da net.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Seremos Nuvem




As nuvens fogem da sombra empurradas pelo vento, marcam posição umas atrás das outras, acompanhadas pelo olhar das folhas verdes ainda presas à árvore. Certamente, também elas gostariam de seguir céu fora, livres e soltas mas ainda é primavera e a vida corre forte nas suas veias jovens mantendo-as seguras à mãe.

Um dia, quem sabe, no tempo da partida dos pássaros, no regresso das nuvens cheias de água, as folhas irão soltar-se e poderão, então, voar livres e libertas para conhecerem outros mundos.
Também nós seremos nuvem e pelo espaço voaremos com os nossos sonhos.

      Foto e texto de Benó