Duma
pequenina semente posta no ventre quente da terra mãe te fizeste árvore. Na sua
profundeza encontraste o alimento necessário ao teu desenvolvimento. Pouco a
pouco, criaste raízes que te prenderam ao local onde nasceste; pouco a pouco
foste subindo, engrossando o teu corpo de onde partiam os braços que se
erguiam às alturas com folhas que acenavam como bandeiras em dias de ventania.
Já adulta, os pássaros encontravam em ti o aconchego necessário para uma noite
bem passada entre gorjeios e danças de acasalamento. As crianças faziam rodas e
cantavam à tua volta.
Quantos
risos, gargalhadas, choros, juras e promessas, tu ouviste?
Sacudias os
teus ramos de emoção quando casais de amantes se encostavam ao teu corpo,
tremendo em manifestações de amor. E,
tal como noivos que recebem pétalas de flores após a cerimónia nupcial, tu
oferecias as tuas folhas mais tenras e leves.
Resististe a
tempestades, ventos e frios, calores e secas.
És uma
vencedora. Uma sobrevivente.
As raízes que profundamente procuravam os nutrientes para o teu desenvolvimento, deixaram de ter força para ir mais fundo, nessa procura e secaste.Respeito-te tal como estás, assim como és.
Os pardais
ainda te procuram.
4 comentários:
Gostei do texto. E da arvore assim nua, galhos erguidos ao Céu com em súplica.
Um abraço
Uma árvore belíssima... tal como o texto que construíste a esse propósito!
Beijinhos,
Tal como alguns homens, esta árvore morreu de pé!
Texto muito belo, Benó:))))
Uma árvore que é uma escultura! Belíssima!
Boa semana!
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