sábado, 17 de novembro de 2007

Sossego


O pastoreio é a minha forma predilecta de descontrair.

A manhã esplendorosa chama-me e os chocalhos das minhas ovelhas com aquela sua música tão "sui generis", igualmente.

Sacio o estômago com um pouco de leite acabado de ordenhar, pego no meu livro em branco e eis que vou caminhando pelos montes entoando cantilenas aprendidas na minha doce infância.

È tão fácil ser feliz! Respirar o ar fresco da liberdade. Mastigar tranquilidade!

Caminhar sem peias nem algemas, pensar em sossego.

Sentei-me na terra fresca e uma pedra que a mãe natureza ali colocou para esse efeito serviu-me de encosto. Segurei no lápis que já afiara prèviamente com o meu canivete, ferramenta que me ajuda a resolver os problemas que no campo se me deparam e que tenho de solucionar longe de facas, tesouras e outros instrumentos úteis na vivência do dia a dia.

Aos poucos, o branco imaculado do papel vai ficando sujo com os meus rabiscos e desenhos e palavras vão-se juntando numa simbiose perfeita de entendimento.

Esqueço o tempo e o rebanho. Escrevo e estou bem comigo pròpria.

O Sol já começa a aquecer e o chapéu que me cobre a cabeça não evita que fique encandeada pela sua luz matinal mas continuo sentindo o pulsar da vida e por isso escrevo e desenho.

Como eu gosto de estar no campo!
Sou feliz!!

15 comentários:

Judite Pitta disse...

Pois é, há certas imaginações muito férteis!! Por exemplo, o Saramago, por isso ganhou o Nobel. Continua que por este andar qualquer dia estás lá também! (Nunca te esqueças é de pôr o chapéu na cabeça e já agora os óculos escuros!)

livia soares disse...

Gosto muito da tranqüilidade que se respira aqui.
Um abraço.

Elvira Carvalho disse...

Lindo o prato. E a descrição que faz do seu passeio é digna de um qualquer escritor da nossa praça.
Um abraço

Maré Viva disse...

Aqui está uma companheira que respira tranquilidade, que adora as coisas simples e as descreve com uma sensibilidade a toda a prova.
Este é realmente um lugar que apetece visitar e ficar a conversar...
Vou tentar "produzir" alguma coisa nova, como sugere, mas às vezes a inspiração não responde ao nosso apelo.
Um abraço amigo e vou dizer-lhe ao ouvido:gosto muito deste cantinho...

Tania disse...

E eu adorei chegar a este cantinho! Passeando por uma série de postagens, senti uma alegria singela e doce. Gostei da sua arte e os seus escritos despertam serenidade...

Obrigada pela visita e pelas palavras gentis. Certamente eu voltarei mais vezes.

Um abraço,

risonha disse...

olha, olha... e eu não sabia que a amiga de infância da minha mãe tinha um blog na Net. que era uma grande artista já se sabia, pois os brincos mais bonitos que tenho foram comprados no vosso atelier, agora do blog não tinha conhecimento. vou já adicionar o link do seu blog no meu ok?
beijos e obrigado pela visita.

Elvira Carvalho disse...

Hoje distribuição de mimos aos amigos.
Só não aceita quem não fôr amigo.
Abraços

Cubo de Gelo disse...

Ai que saudade que o seu post me faz do tempo em que era apenas eu e as minhas ovelhas a subirmos o monte com o mundo todo lá em baixo aos nossos pés...

O vento entrava por nós adentro enquanto elas pastavam, felizes.

Bons tempos esses...

*Um Momento* disse...

E eu...
Adoro o campo
Belas palavras...e os teus trabalhos... Lindo!!!!!!!
Beijo grande... em Ti
(*)

Maré Viva disse...

Alô amiga, já cumpri o prometido falando da minha janela, que por sinal conhece bem...
Deixo um até logo!

Maré Viva disse...

Então, amiga Artista, tem andado preguiçosa? Ou já começou os preparativos para a grande festa que se aproxima, com os sonhos,as rabanadas, etc, etc, já me cresce água na boca...
Um beijo.

Benó disse...

Aqui vou deixar a minha resposta à minha prof.baby por pensar que ando preguiçosa. Não ando, não mas,numa poesia de Gonçalves Crespo há uns versos que dizem assim:
....
Quando, alta noite, me reclino e deito,
Melancólico, triste e fatigado,
....
Ora bem, o mesmo aconteceu comigo numa destas noites cálidas e serenas embora um pouco húmidas.

Melancólico...de tal maneira que nem consegui pegar na pena para escrever.

Triste.... tanto, que as palavras não me ocorriam.

Fatigado... demais, pois o sono depressa tomou conta de mim e o Morfeu abraçou-me tão energicamente retendo-me, para meu prazer (diga-se, em abono da verdade) nos seus braços mornos e suaves que o tempo malandro e, face àquele meu entorpecimento, caminhou...caminhou...caminhou..

Quando me consegui soltar daquele amplexo deparei-me no sofá da minha sala entre as minhas belas almofadas e a minha fofa manta.
Era tarde ou seja, madrugada. A lareira já se apagara, o meu Rom-Rom continuava aos meus pés e antes que o frio viesse instalar-se a meu lado para me cobrir com o seu bafo, ergui-me a custo e fui continuar a noite, já madrugada, no calor aconchegante da minha cama.

Tenha sonhos lindos e uma noite inspiradora.

O Árabe disse...

Eis um texto que me trouxe saudade de campos onde nunca estive. Simples e belo, todo ele respira o doce aroma da terra molhada... :)

vieira calado disse...

Olá, amiga!
Pois está-se muito bem no campo...
Também adoro.
Quanto à bébé estrela, eu não sei
o que vai na cabeça do
"comité internacional" que regula essas coisas.
Mas as estrelas levam um indicativo da constelação onde são vistas e nomes (as mais importantes), e isso já vem, muitas vezes, dos clássicos grego-romanos ou egípcios, árabes..
Algumas estrelas levam o nome do seu descobridor (moderno), como é o caso da estrela de Barnard - uma anã.
Teremos que esperar.
Saudações amigas.

Judite Pitta disse...

Ora bem, aprende-se imenso nestes comentários. Desde a erudita prosa, aos devaneios poéticos, à sumidade em astrologia (não estou a brincar é a sério Sr. Professor) tudo aqui aparece, numa simbiose perfeita. Sim senhora, gostei.
Mas já agora completa o verso do G. Crepo que é tão bonito:
..Esse alguém abre as asas no meu leito,
E o meu sonho desliza perfumado!