terça-feira, 3 de abril de 2012

Um certo tecer de sonhos



As mãos engelhadas, cansadas, morenas pelo sol, seguram duas agulhas obreiras incansáveis da obra começada e não acabada dos fios de tricô. Os dedos nodosos repousam, parados num aconchegar protector às malhas já tecidas ou às lágrimas já vertidas.

O pensamento vagueia, caminha nas águas límpidas dos amores vividos, nos suspensos jardins dos beijos que não foram dados.
E o sonho cria vida num oásis de saudades em desertos arenosos de todos os quereres que ficaram por vencer. Sonhos tecidos por mulheres que morderam a boca, cerraram dentes e tiveram de abdicar de vontades e desejos.
A vontade de gritar EU SOU GENTE morreu na garganta e engolida com espuma de raiva e desespero. Ficou o tricô que se vai tecendo por cada malha uma lágrima.

3 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Que texto tão triste e simultaneamente tão belo.
Um abraço e uma Páscoa Feliz

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vieira calado disse...

Olá, amiga, como está?

Hoje venho simplesmente desejar-lhe uma boa Páscoa!

Bjsss

Justine disse...

Que belo texto e que bela foto, Benó! Essas mãos, vividas e endurecidas, são o retrato de muitas mulheres!