sexta-feira, 18 de abril de 2008

Em Trânsito



Hoje tive umas visitas.
Gente que veio de longe.
Amigos… Não sei bem…!
Estavam em passeio, de passagem, em trânsito. Alguns adultos, o dobro crianças.
Estão a ver?!.
Um espaço – o meu -, normalmente habitado pelo silêncio de quem vive só, de repente é invadido por 6, 8. 10 bocas, não sei ao certo quantas seriam, mas sei que falavam, quase sempre, todas ao mesmo tempo. Riam, gesticulavam, provocavam-me dores de cabeça.
Contaram “aventuras” de quem está há algum tempo ausente vivendo noutras terras de hábitos e costumes diferentes do meu. Eu ouvi.



Partiram, depois de horas de alto falatório por parte dos mais crescidos e em que os mais pequenos se ocuparam a mexer onde não deviam, além da exibição de números de kickbox, choros e zangas entre si, indícios de que estava a fazer falta algo mais além de uma soneca..

Por fim, fiquei só e liberta, senhora do meu espaço!
Voltou o sossego e o silêncio à minha reserva e lembrei-me daquele poema do saudoso Ary dos Santos :
“Arte Peripoética”
"…Aristóteles, visita
da casa de minha avó,
não acharia esquisita,
esta forma de estar só,
esta maneira de riso,
que é a mais original
forma de se ter juízo
e ser poeta actual.

Aristóteles, visita
da casa de minha avó,
também diria, antes só
de que mal acompanhado,
antes morto emparedado
em muro de pedra e cal
aonde não entre bicho
que não seja essencial

à evasão da palavra
deste silêncio mortal."

2 comentários:

Um Momento disse...

Benó...como te entendo...
Mas sabes... ás vezes faz-nos falta essa "confusão" , se não for por muito tempo:)

Espero que agora tenhas um fim de semana descansado e cheio de cor !

Beijo com muito carinho... em ti

(*)

literatura disse...

Amiga Benó
Hoje avancei nos conhecimentos informátios e assim linkei o seu nome no meu blogue. Um abraço.