sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Um Pedido

Na CONVERSA que mantive durante a VIAGEM no comboio da LINHA de Cascais, numa MANHÃ de domingo, um amigo dos meus tempos de CRIANÇA desafiou-me para compor, com calma e sem SOBRESSALTO um texto onde constassem obrigatoriamente 60 palavras indicadas por ele.
Depois da programada visita ao FAROL, e ainda com os salpicos da ÁGUA do MAR, que mais pareciam gotas de ORVALHO, a me molharem o CORPO, resolvi AFASTAR-me do grupo e, transportando comigo uma CAIXA de CHOCOLATE, transpus com um salto, num MOVIMENTO VERTICAL, o DEGRAU já ERODIDO pelo tempo, na entrada da velha cabana, disposta a aceder àquele pedido que me parecia uma LOUCURA, dada a minha dificuldade em escrever.
A cabana feita de pedra e CAL tinha uma ROSÁCEA a apontar para o CÉU, por onde entrava o LUAR, mas também o SOL para INUNDAR, sem pedir LICENÇA, a minha mesa de trabalho feita das RAÍZES daquela árvore centenária que a última TEMPESTADE, derrubara. Toda a área ENVOLVENTE convidava a COMUNGAR daquele silêncio, CONSELHEIRO amigo, que nas horas mais difíceis eu procurara, como o melhor MÉTODO para a resolução dos problemas amorosos da minha adolescência.
Recordo que não havia qualquer OBSTRUÇÃO familiar às minhas escapadelas e o regresso a casa era sempre feito com alguma PENA. Em dias de chuva, com o LODO a encher os caminhos, tornava-se mais difícil vencer o DISTANCIAMENTO que dali me levava à vila.
A minha prima Guida, EXPONENTE máximo do bom comportamento, tinha uma enorme dor de COTOVELO, não só pela esbelta SILHUETA que eu possuía, como também pela liberdade que me era permitida e sei que albergava um AMORTECIDO desejo de MORTE para que eu me perdesse na serra .
No VASCULHAR desta FUSÃO de sentires e lembranças da minha VIDA já distante e que eu fechara no CASULO do meu coração, recordei o INFERNO daquele dia, em que a luz TÉNUE do fim de tarde me iluminava, enquanto bordava uma linda TAPEÇARIA AZUL com FLORES, quando a SOMBRA de alguém me assustou.
Neste PAÍS de NEFELIBATAS, a VULNERABILIDADE de uma donzela estava em jogo.

O VAPOR da água que entretanto pusera na chaleira para o chá, começara a sair e o IMENSO baú das recordações ia ser fechado, para não deixar EMERGIR formas e vultos que já estavam votados ao OSTRACISMO, no meu AVASSALADOR desejo de esquecimento total

É neste ambiente, repleto de tantas lembranças, que irei buscar inspiração para escrever o tema, VARIÁVEL na sua forma, prosa ou poesia, solicitado pelo meu amigo.

Com imagem tirada da net.


Este foi o meu texto publicado aqui para o jogo das 60 palavras.

7 comentários:

Maré Viva disse...

Benó, este texto está espectacular, com as palavras chave
magistralmente utilizadas.
Parabéns pela inspiração e pela facilidade com que constroi uma história verosímil e tão interessante!
Mesmo sem ler mais nenhuma, dou-lhe o 1º prémio!
Fiquei feliz com o seu regresso.
Por tudo isso, muitos beijinhos.

Elvira Carvalho disse...

E mais uma vez saí-se muito bem.
Um abraço e bom Domingo

Espaço do João disse...

OláBenó.
Primeiro do que tudo a minha gratidão pelas visitas feitas ao meu espaço. Tenho tido ultimamente muitos afazeres, agora terei um pouco mais de tempo para vos oferecer.
Admiro a sua capacidade de fazer um texto aplicando tão poucas letras nos lugares certos. Esse cérebro deve ser próximo dum Henstein. Que bom ter tamanha capacidade. Um beijo amigo João

Graça Pires disse...

Que bem conseguiu, amiga Benó. Está perita nestas formas de escrita.Os meus parabéns. Um beijo.

Justine disse...

Excelente solução, para este dificílimo jogo especial!
Para este não tive disponibilidade de espírito, mas para o próximo espero já etar presente:))

O Árabe disse...

Desafios existem para serem vencidos, não, amiga? :)Boa semana!

Joana disse...

Que giroooo :) Está mesmo muito bonito :) Parabéns :)

Beijooo

Até já!**