No ambiente familiar do estabelecimento, onde diariamente ia tomar a bica da manhã , sentia-se, perfeitamente, integrada para escrever, lembrando o seu tempo de estudante em que a mesa do Café era a sua mesa de trabalho, as sebentas suas companheiras e a bica e uma torrada, muitas vezes, o seu lanche/jantar.
Com o cotovelo sobre a mesa e a mão em concha servindo de apoio à cabeça estava na posição ideal para receber as ideias que vinham fluindo.
Na outra mão, um lápis meio gasto garatujava frases soltas que eram sentires e vivências, olhares profundos sobre acontecimentos ocasionais, do dia a dia de todos mas, de ninguém em especial.
No papel ficavam guardados segredos e confidencias, gritos e sussurros, desabafos alegres e tristes, lembranças, recordações.
Eram casos ouvidos diretamente de quem fala na primeira pessoa, no jeito de conversa de café, histórias simples, banais, a que se não dá muita importância mas que, passados à escrita, tomam vida e movimento. Factos observados pelo olhar de quem já muito viu, olhar que se habituou a distinguir a diferença entre um nascer de sol aqui e o nascer de sol ali, mas também, casos ficcionados, idealizados, sonhados.
Tudo era anotado num pequeno bloco de folhas brancas, guardador de segredos, retalhos de vidas e que agora repousa noutra mesa de trabalho, pronto a ser lido e usado, desejoso de contar
as suas histórias de mil e uma noites.
com imagem da net
3 comentários:
Senti-me retratada, nessa estudante de outrora:)))
Vamos lá então deitar cá para fora essas histórias de mil e uma noites!
E nós desejosas de ler...
Um beijo, amiga Benó.
Qual de nós não extravasa a alma numa folha de papel em branco?
É só darem-nos uma esferográfica e uns momentos de ócio...
Beijinhos.
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