sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Em nome da amizade




Teresa adorava os pastéis de nata em massa folhada estaladiça salpicados de canela que lanchava na pastelaria da Elvira. No inverno, quando o frio se fazia sentir, pedia sempre um chocolate quente e dois pasteis. No verão, só um pastel e um chá gelado e, delicia das delicias - um crepe de chocolate para as quatro.
Claro que, também há as outras estações intermédias e nessas, a bebida era indiferente, fria ou quente, mas o pastel de nata era guloseima obrigatória na mesa daTeresa na pastelaria da Elvira.
A meio da tarde, ela e as três Jotas (Joana, Joaquina, Josefa) amigas desde o tempo de escola, reuniam-se, para, numa conversinha ligeira, fazerem, como elas diziam, o ponto da situação.
Nunca havia um tema certo para debater e tanto poderia ser sobre o tricô que estavam a executar, como sobre a atual carestia de vida ou o escândalo de fulana que andava com sicrano..
O que interessava era sair de casa, quebrar a rotina do dia a dia e lanchar os deliciosos pasteis de nata.

Sou uma Jota que ficou no mesmo lugar e viu as outras duas partirem mais a T, para terras diferentes em anos diferentes.

Ainda comemos os pasteis de nata da Elvira, não diariamente, nem mensalmente, nem anualmente mas, sempre que o querer de 4 mulheres forma um só e vence a montanha da distância, ultrapassa barreiras de fusos horários, une-se numa só vontade e o desejo de comer pasteis de nata bem folhados e estaladiços servidos num prato de porcelana fina da verdadeira amizade, vence.

2 comentários:

Justine disse...

Um emotivo, nostálgico e belo texto sobre a amizade. Afinal, não é a distância que destroi uma amizade funda...
Beijo

Elvira Carvalho disse...

Um pastel de nata é sempre uma iguaria deliciosa. Se polvilhado pela amizade, melhor ainda.
Um abraço e uma boa semana