quinta-feira, 12 de julho de 2012

A árvore


Duma pequenina semente posta no ventre quente da terra mãe te fizeste árvore. Na sua profundeza encontraste o alimento necessário ao teu desenvolvimento. Pouco a pouco, criaste raízes que te prenderam ao local onde nasceste; pouco a pouco foste subindo, engrossando o teu corpo de onde partiam os braços que se erguiam às alturas com folhas que acenavam como bandeiras em dias de ventania. Já adulta, os pássaros encontravam em ti o aconchego necessário para uma noite bem passada entre gorjeios e danças de acasalamento. As crianças faziam rodas e cantavam à tua volta.
Quantos risos, gargalhadas, choros, juras e promessas, tu ouviste?

Sacudias os teus ramos de emoção quando casais de amantes se encostavam ao teu corpo, tremendo  em manifestações de amor. E, tal como noivos que recebem pétalas de flores após a cerimónia nupcial, tu oferecias as tuas folhas mais tenras e leves.
Resististe a tempestades, ventos e frios, calores e secas.

És uma vencedora. Uma sobrevivente.
As raízes que profundamente procuravam os nutrientes para o teu desenvolvimento, deixaram de ter força para ir mais fundo, nessa procura e secaste.Respeito-te tal como estás, assim como és.
Os pardais ainda te procuram.         



foto e texto de Benó




4 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Gostei do texto. E da arvore assim nua, galhos erguidos ao Céu com em súplica.
Um abraço

mfc disse...

Uma árvore belíssima... tal como o texto que construíste a esse propósito!

Beijinhos,

Justine disse...

Tal como alguns homens, esta árvore morreu de pé!
Texto muito belo, Benó:))))

Isabel disse...

Uma árvore que é uma escultura! Belíssima!
Boa semana!