sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Naquela amena tarde de Julho


Jovens, belas, conversadoras, todas tinham uma discreta elegância realçada pelos trajes ligeiros que vestiam naquela tarde amena de Julho.

O grupo era pequeno e assim, as conversas seriam mais fáceis entre elas, evitando a formação das “ ilhas” que habitualmente se formam de 3 ou 4 elementos convivendo entre si e esquecendo os outros, também convidados para o momento.

Todas se conheciam e, por isso, as apresentações foram dispensadas. Depois dos beijinhos e saudações do costume: “olá como estás, …há tanto tempo que não te via”, “estás elegante!!”….etc., etc. começaram a se espreguiçar pelos “puffs” aleatòriamente colocados no espaço destinado à conversa.

O leitor de Cd’s deixava ouvir Leonard Cohen, como acompanhamento musical ao suave cavaqueio previsto para aquela tarde amena de Julho e, os salgadinhos e docinhos confeccionados pelas mãos habilidosas e bem cuidadas de todas elas, estavam, tentadora e pecaminosamente colocados nos lindos pratos de porcelana pintados à mão, prontos para serem deglutidos pelas bocas gulosas e bem pintadas do pequeno grupo.
A finalidade do "meeting" era conversar sobre banalidades e ouvir música.

A conversa nasceu e alguém mencionou que estava a ler “O meu nome é Legião” e daí veio a discussão sobre o prémio atribuído ao seu autor.
Foi merecido? Não foi merecido?
Pode um escritor, que escreve daquela maneira, ser premiado com o galardão máximo da nossa literatura destinado a premiar os autores que tenham contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa?

Bem, não era sobre isto que se queria falar, mas sim, sobre coisas sem importância, banalidades.

Das presentes, estava uma candidata à adopção de uma criança e assim, não se podia deixar de falar sobre o caso actual da pequena Esmeralda disputada por dois interesses: um sanguíneo e outro afectivo.
Deverá a menina ficar com o pai biológico ou com o casal que olha por ela e sempre a protegeu?

A piscina convidava a umas braçadas e a um mergulho refrescante.
Já repararam quantas crianças morrem em piscinas e, muitas vezes, com os familiares por perto? Alguém citou.
Mais uma vez as coisas sérias foram lembradas.

Por fim, a poesia apresentou-se dita com sensibilidade suficiente para nos fazer sonhar e meditar e assim deixar o espírito liberto das preocupações familiares e sociais. Não iríamos discutir poesia mas, simplesmente ouvi-la e saboreá-la.

A tarde escorria lentamente entre risos, refrescos e docinhos.
O objectivo tinha sido conseguido. Não se falou de coisas importantes mas ficou no ar a interrogação:
Haverá realmente coisas sem importância?

"Imagem retirada da net"

10 comentários:

Graça Pires disse...

Bela tarde, amiga Benó, passada entre amigas com poesia e tudo e onde tudo tem a importância que tem... Também gosto desses encontros. Um beijo e bom fim de semana.

Elvira Carvalho disse...

Depois da cirurgia, estou voltando aos poucos a visitar os amigos.
Também gosto destes encontros.
Um abraço

Sei que existes disse...

E assim se passam bons dias!...
Beijocas grandes

Ana Oliveira disse...

É assim, do acto mais banal pode nascer o mais profundo pensamento.

O Árabe disse...

Agradável reunião, amiga... e, com certeza, o lazer sadio é de extrema importância! :) Boa semana.

Espaço do João disse...

A saudável confraternização é sempre salutar. Então quando estamos rodeados de amigos que já não vemos há muito tempo, parece que as horas voam.

Maré Viva disse...

Ahhhh...que descrição tão bem feita de uma tarde que deve ter sido tão interessante! Gente culta, bonita, simpática, reunida à volta de uma anfitriã a quem daria nota 10, (numa escala de 10, claro!)
Devia haver mais encontros desses, não acham? Quem se candidata para o organizar o próximo?
Beijinhos...

Justine disse...

Pertinente pergunta! A importância é dada às coisas por nós, não é? Mas há lá coisa mais importante que um encontro entre amigos...:))
Beijo

Eremit@ disse...

boa questão. creio que não. Que não há coisas sem importância. Há coisas que são desvalorizadas, tratadas como coisas sem importância, coisas que pela sua importância deviam ocupar um determinado lugar na hierarquia das coisas e muitas vezes surgem muito abaixo porque é opção de cada um estabelecer as sua prioridades mesmo que delas discordemos. E há coisas sem importância para quem vê todo o mundo no seu próprio umbigo.

Sobre o desafio tens razão: os dados estão lançados. Vou tentar ainda hoje enviar o novo calendário - para Setembro, 6º Jogo, bem como as 60 palavras.

Fraterno abraço e muita inspiração e suor com...risos.

Espaço do João disse...

Deixei comentário no outro blog, Jaedim dabrolhos. João