terça-feira, 5 de outubro de 2010
Mulher
Duas mãos que se entrelaçam.
Olhos nos olhos profundos a querer desvendar a profundeza dos sentires.
- Que tens feito?
E esta interrogação é um convite ao abrir do coração, ao dizer das tristezas passadas, da nostalgia, da ausência.
A comoção é forte, invade o ambiente impedindo-a de exprimir o seu sentir:
“- Nada! As saudades têm sido muitas e… sabes… não estou habituada a ficar assim…só… tanto tempo. Desorientei-me. Não fui capaz de me concentrar nos meus afazeres rotineiros. Perdi-me nas horas e nos momentos únicos de solidão.
E os dias que eram longos e demoravam a acabar eram seguidos pelas noites, intermináveis, passadas sozinha, na longa cama, fria”.
Mas não foi capaz de abrir a alma, de dizer dos seus sentimentos, de fazê-lo viver, mesmo por um momento, a tristeza de estar só, como a sua ausência tornara o seu quotidiano tão vazio.
Precisava dos seus abraços para poder apreciar o Sol e a vida; das suas carícias e beijos para que o seu corpo vibrasse plenamente: de sentir a sua respiração, suave como a brisa beijando as flores.
Retirou as mãos ainda aprisionadas e exclamou com ar despreocupado, escondendo por trás dos óculos escuros, duas lágrimas de comoção:
-Ora, o tempo passa sem darmos por isso e a rotina continuou na tua ausência.
Vivi.
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6 comentários:
Um texto muito bonito.
Um abraço e continuação de boa semana
A ausência que doi. A dor que não se revela.
Muito belo, amiga Benó.
Um beijo.
Retrato muito bem desenhado de um tipo de pessoas, a quem tanto custa mostrar as emoções...
Um abraço, Benó:))
Saudades destes cantinhos...
E sim o tempo passa ... depressa ... e nem nos damos conta quando o nosso pensamento está algures...o nosso coração está ausente...
liNDO TEXTO ( COMO SEMPRE)
Beijinho e boa semana:))
(*)
Às vezes nem um abraço chega para vencer a resistencia da dor que quer ser só...belíssimo texto Benó...e tão sentido!
Beijinhos
Muitos Parabéns pelo texto. Retrata fielmente o que se sente quando a solidão se instala e nos corrói interiormente. Ao ponto de nem sequer conseguirmos articular o grito de auxílio, de "abrir a Alma" perante o alheamento de quem nos deveria Sentir apenas com um Olhar (assim mesmo, em maiscúlas).
Pior do que dias compridos são, de facto, noites intermináveis.
Bem haja!
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