quarta-feira, 22 de junho de 2011




Para um poema de António Ramos Rosa, as minhas imagens.


"Ondas que descansam no seu gesto nupcial
abrem-se caem
amorosamente sobre os próprios lábios
e a areia
ancas verdes violetas na violência viva
rumor do ilimite na gravidez da água
sussurros gritos minerais inércia magnífica
volúpia de agonia movimentos de amor
morte em cada onda sublevação inaugural
abre-se o corpo que ama na consciência nua
e o corpo é o instante nunca mais e sempre
ó seios e nuvens que na areia se despenham
ó vento anterior ao vento ó cabeças espumosas
ó silêncio sobre o estrépito de amorosas explosões
ó eternidade do mar ensimesmado unânime
em amor e desamor de anónimos amplexos
múltiplo e uno nas suas baixelas cintilantes
ó mar ó presença ondulada do infinito
ó retorno incessante da paixão frigidíssima
ó violenta indolência sempre longínqua sempre ausente
ó catedral profunda que desmoronando-se permanece!"


3 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Boa escolha. Gosto imenso deste poeta, e as fotos estão lindas.
Um abraço e bom fim de semana

Justine disse...

O mesmo ritmo, a mesma violência e a mesma sensibilidade nas tuas imagens e nas palavras de ARR! Muito belo:))

Graça Pires disse...

Ramos Rosa dispensa comentários. É um belíssimo poema.
Um beijo, amiga Benó