quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Um sol no ocaso



As pernas que foram ágeis e elegantes, hoje, já não conseguem subir a colina das quimeras mas, os braços, mesmo fracos, ainda aconchegam e apertam aqueles que ama.
As mãos, outrora finas e brancas, conservam a macieza da seda das suas blusas fora do tempo e mostram agora alguns pontos coloridos pela vida, como a querer lembrar as carícias que ficaram por fazer. Já não bordam nem acariciam o teclado do piano mas, com ternura, afagam o Tareco, seu companheiro de pelo macio.


Todas as manhãs, vejo-a, com o seu corpo frágil, passar vagarosamente na minha rua e os meus olhos entristecem, pois sei que, em breve, partirá voando numas asas brancas deixando para trás muitos sonhos não vividos que, para sempre, ficarão nas profundezas dos lagos verdes dos seus olhos

1 comentário:

Justine disse...

Triste e muito belo, o teu texto. Retrato de mulher muito bem desenhado com o traço da tua ternura! Beijo